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O presidente eleito nos EUA, Barack Obama, fez muito bem em ter evitado a questão racial em sua campanha. Se derramou uma lágrima ao lembrar a morte de sua avó materna, americana e branca, como poderia tentar eleger-se como o primeiro negro na Casa Branca? Seria um contra-senso. Evitou tanto que a cor de sua pele parecia apenas um detalhe. E nisso, num país que há menos de cinco décadas, quando Obama nascia, negro não podia beber água no bebedouro de branco, não podia usar banheiro de branco e não podia nem pensar em casar-se com branca.

No Brasil, onde já não tem a maioria branca, estranha quando vê algum negro em posição de poder. Não é que rejeite, mas se surpreende.

Por enquanto, Obama demonstra solidariedade e humildade em suas expressões. Sabe que foi eleito pelo povo e, pelo povo trabalhará. Normal, assim como o branco.

O Brasil pode com certeza ter um presidente negro, mas antes, todos precisam ter chefes negros e não achar isso estranho para quando um negro for eleito, acostume o olhar, como o americano fez.

A vitoriosa campanha do presidente eleito já fez muito pelo futuro e pelo presente da humanidade. Ela provou que era possível superar a perversa combinação de intolerância religiosa, manipulação de mídia e de interesses privados, que parecia ter condenado a maior nação do planeta a viver numa espécie de Idade Média social e política. Obama conseguiu a proeza de despertar as melhores energias da sociedade americana. E ela respondeu com uma eleição espetacular, festejada em todos os países e de que esta geração deve se orgulhar.

 

Na história recente, poucos indivíduos concentraram tanto poder e tanta esperança. Obama não foi eleito só presidente dos Estados Unidos, foi eleito governador do mundo. Em todas as partes, em todas as línguas, foram depositadas nele as esperanças de um mundo melhor.